sábado, 13 de março de 2010

Domingo


O domingo começou mais cedo
Ponha logo a mesa da amargura,
Os convidados estão pra chegar
E para que a festa continue
Só por hoje, deixe que eu mergulhe
O corpo todo em minha dor...

domingo, 7 de março de 2010

O Preço da Alma - Livro II

Há alguns anos, estava parada no mesmo lugar que estou hoje. A diferença era por quem eu me mantinha inerte. Não é algo que se explique aos outros. Você entende, e você mensura o quanto isso é prejudicial e doloroso. Cheguei ao velho ponto: perdi o apetite pela vida, perdi o tato pelo toque... Mas os planos não são de rendição, muito menos redenção. Os planos são de anestesia, são de dormência. Como suportar amar uma pessoa que não pode ser apenas sua? Como aceitar amá-la, com tal devoção? Como esquecer o ego, estraçalhar o seu orgulho próprio? Como acreditar no ser amado? Como manter a sanidade, quando não se tem as respostas?
Lembro-me bem o que se passou há 6 anos, sofri por uma decisão tomada de modo apressado, em relação a um grande amor adolescente. As coisas se resolveram bem, embora tenham custado a mim quatro anos de uma atormentadora dor. Sobrevivi, e amei muitas vezes, não com tal intensidade, entretanto todas com suas peculiaridades marcantes.
Hoje, sofro por uma decisão não posta em prática, em relação a um outro grande amor, temendo pagar o alto preço da desintoxicação. Esse amor "maduro", que chegou preenchido por complicações, que minha mente juvenil não consegue assimilar. Para que vocês entendam o meu dilema, pretendo esmiuçar estas fraquezas da alma humana, que teima em amar os amantes que não merecem ser amados.
Só um amor cura outro, não é regra, mas é assim que funciona comigo e com a maioria das pessoas. Em setembro do ano passado, acabara de sair de um relacionamento de seis meses, o que para mim se trata de um relacionamento longo, já que na minha vida esse era o máximo de tempo que durava. Como sempre a decisão de término tinha partido de mim, mas permaneci sofrendo a dor da abstinência. Tive os motivos certos para isto, e me agarrava a eles sempre que declinava. Descobri o envolvimento do cara com drogas pesadas, por mais que estivesse apaixonada, não era possível engolir algo assim. E justo, nesse momento, em que eu me encontrava bastante vulnerável, alguém apareceu.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

A boca fala do que o coração está cheio...




Amo a forma como você me ama
E, o modo como me faz sentir linda, quando me olha...
Amo a forma como você me toca
E, o modo como me sinto desejada, quando me beija...
Amo o seu olhar selvagem, cheio de ternura, quando me encontra...
E, o modo como cuida de mim o tempo todo...
Amo a forma como rimos juntos de qualquer coisa, quando estamos bem
E, o modo como vôo longe só ouvindo a sua voz...
Amo a forma como preciso do seu colo para ficar calma.
E, o modo como oscilo entre o ser menina e o ser mulher, no seu domínio...
Amo o meu sorriso tolo, quando você me deixa sem jeito
E, como me acalanta, quando estou triste...
Amo a forma como você me mostra o mundo
E, como tenta me fazer entender sobre tudo...
Amo a forma como você fica frágil, parecendo um menino, quando estou irritada
E, o modo como se transforma em um homem lindo e forte, quando estou em paz...
Amo a forma como você me deixa ser livre
E, o modo como eu fujo do mundo para lhe encontrar...
Amo suspirar pelos cantos, apenas por pensar em você
E, o modo como me sinto protegida no seu abraço...
Amo a forma como você precisa de mim
E, o modo como me pede carinho...
Amo a forma como você reclama de saudades
E, o modo como você me pergunta mil vezes se estou feliz...
Amo a forma compulsiva como a que nos falamos
E, o modo como nunca ficamos sem assunto...
Amo o som do meu nome em seus lábios
E, o modo como canta para mim, a qualquer hora que peço...
Amo a saudade que você me faz, quando nos despedimos
E, o modo como durmo e acordo com você na cabeça...
Amo não conseguir lhe odiar, quando digo que lhe odeio
E, o modo como você ainda consegue me amar...

sábado, 16 de janeiro de 2010

O preço da alma - Árvore de amor

Oscar levantou-se, às cinco horas, foi preparar o café-da-manhã e levou para sua mulher, na cama. Ele era um marido excepcional: carinhoso, atencioso e muito dedicado. Helene sentia-se uma mulher realizada, tinha uma carreira de sucesso, um homem que a amava e uma filha linda...
- Bom dia, doçura!
- Bom dia, meu anjo! Huum, café na cama, trago por um homem lindo semi nu, aah eu não mereço tanto!
Oscar a beijou, apaixonadamente.
- Eu te amo, tanto! - Disse Oscar, tomando-a em seus braços. Deixando o corpo de Helene colado no seu e a boca dela encostada em sua orelha.
A fêmea começou a beijá-lo inteiro, passando sua língua molhada por toda a sua extensão rígida, subindo muitas vezes até o pescoço dele, lentamente. E sussurando, disse:
- Eu te amo, eu te amo, eu te amo! Faça amor comigo...
E logo estavam despidos, se amando.
Após o clímax mútuo, os dois ficaram famintos. Comeram e dormiram, um pouco mais...
Às sete horas, o despertador soou, estava na hora de levar Enoá à escola e de Oscar sair para trabalhar.
Helene levantou-se e foi acordar a menina.
- Meu amorzinho, está na hora de acordar... Levante, doce! - Falava enchendo a garotinha de beijos e afagos.
Todos prontos. Oscar fez questão de levá-la à escola, apesar de não ser no mesmo rumo da empresa. Chegando lá, foi aquele choro desesperado. A menina não queria ir, e a mãe estava morrendo de pena de deixá-la sofrendo, daquela forma. Chorava também, e não conseguia acalmar a filha.
- Meu bem, hoje você vai conhecer coleguinhas da sua idade, brincar bastante e, aprender muitas coisas, para ser igual à mamãe e ao papai. Mas você precisa ficar, aqui e logo sua mãe virá pegá-la, certo? Vidinha do papai! - Ele a abraçou forte.
A menina fez sinal positivo com a cabeça. Parou de chorar. E entrou na escola.
A professora a recebeu muito bem, e a sala estava repleta de pequeninos. Enoá encantou-se com aquele mundo novo e desembestou-se a falar, durante as brincadeiras.

O preço da alma - A semente

Enoá, desde cedo, apresentou um comportamento bastante introspectivo, nunca foi de falar muito ou de ter amizades. Andava curvada, meio corcunda, usava muitas roupas, e um cabelo longo que escondia seu rosto, na tentativa de não ser notada. Mas sempre achava que todos estavam olhando para ela, zombando.
Na sala de aula, nem sequer conseguia dizer que estava presente, quando a professora fazia a chamada da turma. Isso, no início, foi um grande problema...
Logo que Enoá completou a idade certa para ir à escola, seus pais acharam que essa seria uma oportunidade dela ter contato com outras crianças e, finalmente, se abrir um pouco mais. Como ela era filha única, e na vizinhança não existiam crianças de sua idade, ela cresceu solitária.
Helene e Oscar estavam muito esperançosos com o ingresso da filha na escola. Trataram de fazer sua matrícula, comprar seus livros, materiais necessários e seu fardamento, enquanto Enoá passava o dia com sua vó. O casal estava em êxtase, sua única filhinha estava crescendo e amanhã já seria o seu primeiro dia de aula.
Helene era escritora e quase nunca saía pra rua, por motivos de trabalho, tinha um escritório só seu, em casa, e passava grande parte de seu dia redigindo suas obras. Escreveu quatro livros de grande repercussão, vendendo inúmeros exemplares. Nacionalmente, era uma escritora muito respeitada pela academia e sempre recebia boas críticas da mídia. Ela tinha um estilo próprio de escrever, aguçava o desejo do leitor, prendendo-o e só lhe devolvendo o sossego no desfecho do seu livro.
Quando Enoá nasceu, ela deixou sua literatura, um pouco, para aproveitar a maternidade, ao máximo. Uma experiência realmente mágica, o casal coruja registrava tudo, fosse em pequenos filmes caseiros, ou em fotografias, nada passava despercebido.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O preço da alma - O platônico

13 de maio de 1980, a casa estava enfeitada, repleta de gente, balões, presentes e guloseimas. Túlio comemorava seus onze anos de idade. O menino era muito esperto, habilidoso, inteligente e ágil, mas também facilmente irritável. Possuía olhos cor de mel e cabelos castanhos claro, um sorriso espaçoso e sincero, tratava-se de um conjunto que chamava atenção, mesmo com tão pouca idade.
Entre seus convidados, parentes e amigos da escola, estava a garotinha que ele gostava, secretamente. Ele e todos os seus amigos estavam passando pela fase de " meninos são mellhores, odeio meninas, nós somos mais velozes, mais fortes [...]!". Então, nem mesmo ele aceitava uma situação dessas, portanto não imaginava que seus colegas agiriam de forma diferente. Mas ele não conseguia suprimir aquele sentimento, ele gostava de passar por ela, sentir o seu perfume suave, ver como se movia ao mexer no cabelo, a maneira como sorria quando o via."Ela é uma beleza", pensava ele.
Fabíola também tinha onze anos, era vizinha de Túlio, e estudava na Escola Piamontês. Era uma aluna que se destacava, muito questionadora e responsável, era uma das primeiras da turma, muito comunicativa e contraditoriamente, conversava demais durante as aulas, e quando os professores a perguntavam uma coisa qualquer, sobre o conteúdo explanado, ela sempre tinha a resposta na ponta da língua, e isso os deixava irritados.
Ela acreditava que a escola seria mais um veículo social que cultural, pois aprendia tudo sozinha, em sua casa, então, aproveitava o ambiente para conviver com as pessoas, aproveitá-las e se divertir, já que, sua mãe não a deixava sair para brincar na rua, ou na casa de alguém, ir ao shopping com as amigas, ou coisas do tipo. Ela não conseguia entender, todas suas colegas faziam isso... E não se achava tão criança, assim!
Sua mãe, sempre era chamada à Escola, os professores falavam do mau comportamento de Fabíola, mas para Norma, era algo sem cabimento, afinal, a menina só tirava 9 e 10, então, como poderia ser tão indisciplinada daquela forma? Pensava que poderia obter aquelas notas com colagem, entretanto os professores garantiram que a menina não fazia isso, pois sempre que eles a questiovam durante as aulas, ela respondia corretamente, sem hesitar.
- Então, por que vocês me chamaram aqui?
Eles nunca tinham a resposta, a menina era tão brilhante, a ponto de não conseguir ficar quieta.
Fabíola não era linda, embora fosse dona de uma beleza diferente da convencional, com um nariz grande, olhos profundos e esverdeados, boca carnuda e grande, e cabelos acobreados. É difícil imaginar uma combinação dessas, em uma criança, embora o tempo guardasse um belo presente para a sua mocidade.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O preço da alma - Mauro

O quarto estava vazio de calor humano, o abajur lilás refletia sob o rosto de Camila, jovem de personalidade forte e de uma teimosia irritante, que dormia profundamente, como se não houvesse um homem ao seu lado, sedento de desejo, como um animal no cio.
Mauro já não sabia entender o que se passava, e aquela situação, talvez nem o magoasse tanto quanto em outros momentos. O seu desejo se transformava em aversão, e a vontade que ele tinha era de sacudí-la até que ela acordasse e estivesse bem desperta, para que pudesse mandá-la ir dormir em sua casa. Mas ele a amava, ou talvez sentisse seu orgulho ferido pela recusa, isso nem mesmo importa, pois no final sendo um ou outro era o que o impedia de fazer qualquer coisa naquela noite comprida.
Mau, levantou-se e foi à cozinha beber água, parou por alguns minutos, e ficou pensando, procurando o porquê de se submeter àquilo, um relacionamento falido, aos seus 25 anos de idade. "Eu preciso voltar a viver", pensou alto.
- Ohh, você me assustou...
- Ora, nunca vi alguém beber água tão concentrado assim.
- E o que você faz acordada, amor?
- Estou faminta! - Camila disse isso, encostando seu corpo quente em Mauro, roçando a camisola de cetim, branca, na pele dele, até que sentisse sua virilidade masculina.
O sangue ferveu a cabeça do homem, que já estava em jejum sexual há 3 semanas, e algo começou a tirar-lhe o controle, tanto que lhe fez agir como um animal selvagem. Acasalando com sua fêmea, muito violento, muito forte, ele já não via mais nada, era não só o desejo que o motivava, mas mais do que isso, a dor da recusa durante tanto tempo, de sua própria companheira.
Ele forçou a garota, até que ela conseguisse obter o clímax. Logo em seguida, seria a sua vez. E como fora boa a sensação de tê-la surrado como merecia, de tê-la visto sentir o prazer dado por ele. Ele achou que talvez... Camila dormiu de novo, sem dar uma palavra, sequer.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O preço da alma - O grande elefante

Naquela quinta-feira chuvosa, havia algo de diferente de como os ventos estavam soando. Era o motivo perfeito para que os fantasmas das lembranças e das especulações começassem a rodear a mente, por hora vazia, de Laura...
A menina, de pele clara e de ondulados cabelos castanhos, olhos misteriosos e convidativos, lábios carnudos, com seus 11 anos de idade, jogava para o alto uma moeda de 5 centavos de euros, sua moeda da sorte, para saber se aquela enfadonha espera teria sucesso ao seu final, ou seria mais uma vez frustada.
Já haviam se passado duas horas, e a garotinha acabou adormecendo, perto da janela de vidro, que dava para o jardim. Sonhava que estava procurando alguma coisa, ou alguém, era um caminho bonito e solitário, mas que não tinha fim, ou definição. Ela apenas, caminhava e observava tudo ao redor, e não havia visto nada mais lindo, tratava-se de uma natureza exuberante, viva, virgem e selvagem. Laura não sentia medo, o único sentimento que a tomava era a ansiedade de buscar, mesmo que não soubesse o que fosse, isso era o que a movia. A caminhada era ininterrupta e os obstáculos naturais aumentavam a cada avanço, até que viu um grande elefante com sua tromba mergulhada na beira de um lago, e ficou ali imóvel, a observar a fascinante cena. O animal enchia a tromba de água e se banhava espirrando todo o liquido armazenado para cima, como uma mangueira de jato forte e espalhado. Um verdadeiro espetáculo que fez a menina perder a noção e esquecer que ainda estava procurando, até que desse tempo suficiente para que o elefante a notasse e se incomodasse com a sua presença, correndo barulhento e violentamente, em sua direção.
Laura viu o animal vindo ao seu encontro, e começou a correr também, num disparate, a corrida não tinha fim, e já corria não mais com suas pernas, ou respirando por seus pulmões, mas com o seu instinto de sobrevivência. O animal era muito grande e estava muito irritado, a menina não sabia o porquê, o que acontecia era que o bicho estava na época do acasalamento e nesse período o seu organismo aumenta a produção de testosterona que o leva a ficar extremamente agressivo, e há inúmeros casos de mortes causadas por elefantes todos os anos em épocas férteis da espécie. Ele veio chegando mais perto, e o som de sua tromba já parecia mais uma sirene gasguita, cada vez mais alta, cada vez mais rente. A menina caiu e o elefante se elevou para pisoteá-la.
- Laurinhaaaaa! Seu pai chegou! - Disse a mãe da menina.
A garota acordou atordoada, no chão, totalmente encharcada de suor, e percebeu que o barulho do elefante era a busina do carro do pai. E, que sua moeda da sorte havia acertado, mais uma vez.
"Será que ele nunca vai entender o que eu sinto? Eu não acredito que ele pense que meu amor não sofre marcas, que está firme e inabalável aqui... Ah, pobre moço. Tão enrolado."

Laura - O preço da alma

domingo, 10 de janeiro de 2010

Todo o amor do meu bem
























Quando eu olho para você, eu sinto a paz de uma noite tranquila, a proteção de um sono guardado...
Seu amor é tão precioso para mim, ele me dá forças
Me faz carne viva
Sou só coração,
Um ser pulsante e desesperado, aquecido do seu calor...
Imaginar, apenas, todas as coisas que ainda podem ser
Me carregam para perto do sonho de infância, que agora, como mulher,
Seguro em minhas mãos,
escorrendo por meus dedos.
Circulando em meu corpo...
Tijolo, após tijolo, coluna, parede, telhado...
E eu me vejo, lá, em frente, ao seu lado, amando mais alguém, e talvez alguém mais...
Na sombra de uma árvore enraizada,
retirando da terra o alimento bruto
Então, seiva elaborada,
à espera dos frutos carnosos, ainda por vir...
Ganhando espaço, buscando vida.
Em tempo de cavalgadas, nos campos de terra roxa, no vôo da borboleta azul,
O cuidado está presente, ele é o seu presente...
O nosso presente, somos nós!
Tudo o que eu preciso, amanhã.
Por tudo o que eu sinto, hoje.